Se você abrir qualquer bolsa de mulher, um item que encontrará em todas elas, certamente é um batom. Mais do que um produto de beleza, é um símbolo do empoderamento feminino. Para se ter uma ideia da importância deste item, mesmo com uso de máscaras durante a pandemia, a venda de batons cresceu em 200% em São Paulo, de acordo com um levantamento feito pela Corebiz, que tomou como base o período de 1º de março a 14 de junho de 2020.
Hoje o batom faz a mulher se sentir segura e poderosa. Mas nem sempre foi assim. O batom vermelho já foi um item proibido pela igreja na Idade Média, por ser considerado imoral, e seu uso ficava restrito às prostitutas. Mas esteve presente em revoluções como símbolo do poder e força feminina.
O batom ao longo da história
A jornalista Rachel Felder lançou em 2019 o livro Red Lipstick: An Ode to a Beauty Icon, que traz dados impressionantes sobre o batom vermelho. Ao longo da história, de acordo com o livro, diversos ingredientes naturais foram usados para criar o tom, como beterraba, pedra, sangue e até insetos moídos, intitulados cochineal, sendo estes os preferidos de Cleopátra.
O primeiro registro da existência do batom remonta por volta de 5000 a.C. na antiga Mesopotânia. Os batons na época eram obtidos por meio de esmagamento de pedras semipreciosas. Já os antigos egípcios utilizavam Iodo e Bromo para obter a cor vermelho púrpura, contudo isso lhes causavam graves doenças, e foi conhecido como Beijo da Morte.
Foi Cleópatra que fez com que batons fossem associados à mulheres, pois antes eles eram usados por homens. Ela era um ícone de poder e beleza, e amava batons bem vermelhos. Foi desta época que este item de maquiagem se tornou o símbolo de mulheres poderosas. Mas a sociedade da época não estava pronta para aceitar esta independência das mulheres, capazes de tomar suas próprias decisões.
Na Inglaterra, em 1653, um pastor chamado Hall liderou um movimento contra o batom vermelho, que ele chamava de “Devil’s Work”, ou seja, trabalho do diabo. Por fazer um grande barulho, até o Parlamento da Inglaterra aderiu ao movimento e aprovou uma lei contra o batom e as demais pinturas faciais. Quem usava, poderia ser considerada inclusive bruxa, o que não era nada bom, porque as bruxas da época acabavam executadas, condenadas ao enforcamento, ou pior, queimadas. Quase 100 anos depois desta lei, a Rainha Vitória reitera e vai contra o batom e por fim ele realmente ficou em desuso.
A história de Elizabeth Arden que distribuiu batons em 1912 e contribuiu para sua popularidade
Um fato que ajudou a popularizar o batom foi quando, em 1912, Elizabeth Arden distribuiu em torno de 15 mil unidades de batom vermelho para as mulheres que marchavam pelo voto feminino em Nova York, as chamadas sufragistas. A ideia era empoderar as mulheres e dessa forma o batom acabou se tornando um grande símbolo de luta e força feminina.
A mesma Inglaterra que condenou o batom, transformou o produto em item de primeira necessidade durante a guerra
Em 1941, a edição da revista Vogue declarava “Agora, mais do que nunca, a beleza é seu dever”, algo defendido por Winston Churchill, que apesar da produção dos cosméticos ter sido interrompida durante a guerra, contudo deciciu abrir uma exceção ao batom, dizendo que seu uso elevava o ânimo da população. Assim, foi considerado produto de primeira necessidade. Enquanto itens como ovos, açúcar e gasolina eram racionados, o batom era largamente distribuído.
Além deste item não ter sido racionado, o primeiro-ministro pediu às mulheres que o usassem como ação de propaganda, para incentivar os soldados que lutavam a voltar para casa com as esposas que continuavam belas. De acordo com Rachel Felder, Winston Churchill entendeu que usar batom vermelho fazia as mulheres se sentirem fortes, seguras e atraentes, sentimentos muito valiosos em tempos de crise.
Batom do Holocausto
Um grafite de Banksy inspirado num trecho do diário do Tenente-Coronel Mervin Willet Gonin Dso, chamado “Batom do Holocausto”, mostra a importância do batom na auto estima feminina. Este diário conta sobre a chegada no campo de concentração de uma grande quantidade de batons.
Ele diz em seu diário: “Não era nada do que os homens queriam, nós gritávamos por centenas e milhares de outras coisas e não sei quem pediu o batom. Mas desejava tanto descobrir quem foi, pois foi uma ação de gênio. Acho que nada fez mais por estes reclusos do que o batom. As mulheres deitadas na cama sem lençóis nem camisa de dormir, mas com os lábios de um vermelho escarlate. Víamos a vagar apenas com um cobertor sobre os ombros, mas com os lábios pintados. Por fim, alguém tinha feito algo para torná-las de novo indivíduos, elas eram alguém e não mais apenas o número que tinha tatuado no braço. Por fim podiam se interessar por sua aparência, aquele batom começou a devolver-lhes a sua humanidade”.
Momentos importantes na história do batom
Um fato importante na história do batom foi lá pelo século 12, quando o químico árabe Abual-Qasim Al-Zahrawi conseguiu transformar a fórmula do batom em algo sólido. Seus bastões perfurados representaram a base do batom moderno. Ele se tornou mais parecido com o que temos hoje. Contudo, só em 1923 que os designers criaram a embalagem com mecanismo giratório que conhecemos, e as cores brilhosas e cintilantes começaram a se popularizar por meio da indústria cinematográfica.
As atrizes do cinema mudo utilizavam batons marrons e pretos para criar contraste nos filmes, que eram em preto e branco, mas graças à Marilyn Monroe e outras personalidades, o batom vermelho se tornou tão popular que virou desejo de consumo, sendo usado pouco depois pelas mulheres de todas as classes sociais.
O batom é tão importante que tem uma data só para ele
Dia 29 de julho é considerado o dia internacional do batom. Data criada nos Estados Unidos e comemorada no mundo todo. Para Elisandra Uesato, Business Coaching & Mentora de Empreendedoras, o batom representa a força do feminino, a delicadeza, o cuidado e o carinho. “Ele tem todo esse poder da sensualidade, do mágico. O batom representa este universo que une mulheres”, conta. “Muitas vezes em eventos no banheiro as mulheres vêm perguntar a cor do meu batom, ou elogiam a sua beleza. Isso mostra que ele é também um laço de conexão com outras mulheres”.
Para ela, usar o batom foi um marco da infância para a adolescência, dessa forma começou a usar batons de cores claras, mas quando deixou de ser adolescente para ser mulher, o batom vermelho foi o tom escolhido, também como um acontecimento de ruptura de uma fase para outra. “Apesar das dores que nós mulheres as vezes passamos, de desafios, de superações, muitas vezes a gente precisa se empoderar. Colocar um batom traz muita vontade de ir lá e fazer. Você se sente pronta para conquistar o mundo, da forma e do jeito que quiser, com a sua força”, afirma.
Elisandra conta que há um tempo atrás ela fez uma campanha de embelezamento de mulheres, dentro do desenvolvimento pessoal. Então convidava aleatoriamente uma mulher que não costumava usar batom, para fazer uma maquiagem e retratar o antes de depois. “Era incrível o poder de transformação. Um sentimento de que alguém olhou para aquela mulher e de fato viu que ela também é bela, que ela pode ser resgatada, assim como recuperar sua auto estima, ter autoconfiança. E ela não é mais uma pessoa apagada na sociedade”, finaliza.
Os batons ainda fazem história nos dias de hoje
O batom vermelho também foi um ícone na luta contra o relacionamento abusivo. Em 2015, a youtuber Jout Jout viralizou um vídeo intitulado “Não tire o batom vermelho”, que se levantava contra este tipo de relacionamento. A cantora Clarice Falcão gravou também um videoclip para sua releitura de “Survivor”, em que diversas mulheres se pintavam com batom, e os lucros das vendas foram para a ONG Think Olga, uma organização não-governamental de inovação social, com foco em criar impacto positivo na vida das mulheres do Brasil e do mundo por meio da comunicação.
Assim, o batom é hoje o companheiro inseparável da mulher seja ela dona de casa, professora, empresária, executiva. Não importa a profissão ou a classe social. Esse fascínio em torno do batom e o efeito que ele tem sobre quem usa já virou tema de diversas pesquisas científicas. A resposta é só uma, batom é sim superpoderoso, eleva a autoestima e faz com que a mulher se sinta ainda mais forte e autoconfiante.
E você, já usou o seu batom hoje?
Para sua diversão, trouxemos aqui um teste para descobrir a sua personalidade de acordo com as marcas que deixa no seu batom usado. Quer entrar na brincadeira? Olhe a imagem abaixo e descubra qual o formato mais se parece com os seus batons após um tempo de uso, depois verifique o texto referente ao número escolhido.
1. Diagonal: você é uma pessoa generosa, tranquila e que muitas vezes pode passar a sensação de ser ingênua.
2. Ponta central: você adora fazer planos. Tem pensamento estrategista e muito foco.
3. Arredondado: você é uma mulher carinhosa e calma. Também tem uma personalidade mais reservada e misteriosa.
4. Ponta aguda: Extremamente organizada, você gosta de planejar coisas. É honesta e busca transparência nas pessoas.
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