Cutelaria e Culinária consciente

Se tem algo que anda lado a lado é a cutelaria e a culinária consciente.
A cutelaria acompanhou todos os avanços culturais e tecnológicos do mundo. Hoje mais do que nunca os utensílios se evidenciam nas cozinhas, no preparo de toda alimentação. Cada ferramenta tem sua importância no corte, no preparo, na composição das receitas.

É uma extensão da mão que a cada uso faz surgir um conceito próprio de cozinhar. Os cortes, por exemplo, expressam jeitos e resultados únicos de cada um na preparação e composição das receitas e uma faca ajuda a tirar o melhor proveito de cada alimento, evitando desperdícios. 

É um período de repensar atitudes e retomar a consciência do que somos para o mundo, assim a Imperial Cutelaria iniciou uma ação para estimular bons hábitos no dia a dia da cozinha, com o objetivo de mostrar a importância do completo aproveitamento dos alimentos em casa com receitas saudáveis e sustentáveis.

Neste mês de Maio iniciaremos o projeto protagonizando as mulheres que criaram uma nova cena na concepção de ocupar o espaço mais importante da casa: a cozinha. Mulheres que enfrentaram obstáculos e percorreram caminhos para serem hoje, também, referência no âmbito da culinária.

São mulheres empreendedoras, inspiradoras que trouxeram para a cozinha características particulares e destacaram seu poder de liderança no segmento. Toda essa vivência aproxima e nos faz perceber que mulheres são, acima de tudo, líderes de sua cozinha e de seu negócio.

Somos em parte reflexo do que comemos e de como encaramos os alimentos, por isso, compreender os processos que envolvem uma prática indispensável para o ser humano, que é comer, é fundamental para se expressar e viver melhor na terra.

Transformar o descarte e usar os alimentos em sua totalidade

Cada cultura contribuiu por aprimorar e criar formas de manipular os alimentos, a fermentação da massa do trigo, por exemplo, foi um processo inventado pelos egípcios há 1.500 anos a.C. Mesmo que haja diferenças entre culturas e algumas inovações que não lhe cabem, há um procedimento que une todas elas sem restrição: evitar o descarte desnecessário dos alimentos.

Para a chef Mônica Rangel aproveitar os alimentos por completo constitui parte de sua trajetória, a culinária consciente sempre figurou sua atuação na cozinha. E como boa mineira está sempre apta a fazer aquela mistura gostosa para que nada seja desperdiçado, afinal é uma característica típica e marcante dos pratos mineiros combinar ingredientes.

A chef nos conta com carinho quando menciona que sempre viveu grudada em sua mãe quando ela ia para a cozinha  e que sempre observava bastante aquele ambiente e as pessoas que ajudavam ali: “Meus filhos também participaram comigo disso,  tanto que Dalton se tornou chef também”, nos conta sorrindo pela vídeo chamada.

Mesmo no comando da cozinha de seu restaurante Gosto com Gosto há 26 anos, oferecendo sempre o melhor da cozinha mineira, Mônica quando sai a trabalho é uma chef do mundo: “ 99% das vezes que eu saio para trabalhar não é comida mineira, eu amo trabalhar com frutos do mar, é versatilidade mesmo.” explica a chef.

O restaurante propõe um estilo mineiro moderno, segundo ela, para que ninguém fique “pesado de comer no restaurante” e utiliza “técnicas e ingredientes diferentes para tornar mais leve a comida“. Porém o mais incrível da característica da chef e que nos impressionou, além de seu cardápio sustentável e “enxuto” é a maneira como Mônica consome os ingredientes que prepara.

DA TERRA PARA A TERRA

Com sua horta própria, é dali que Mônica Rangel retira todas as hortaliças e alguns legumes: “Tudo que eu uso no restaurante eu tiro da horta” a culinária consciente já faz acompanha a chef.

Todos os alimentos que seriam descartados são levados para a compostagem que atualmente passa por aprimoramentos junto com um engenheiro agrônomo para reformular,  manter e a composteira de forma mais sustentável possível e sem gerar desperdícios.

“Talas, cascas e sobras de alimentos são transformados em adubos. Sempre tivemos essa preocupação de fechar esse ciclo. O que não vai para cozinha vai para a compostagem. “

Mônica Rangel – Culinária Consciente

A chef coloca toda a sua versatilidade e criatividade na horta, no atendimento, acompanha tudo de perto, mas é dentro da cozinha que ela de fato gosta de ficar: “Eu gosto realmente de colocar a mão na massa.”

MÔNICA RANGEL, SEU OLHAR NA COZINHA E A CULINÁRIA CONSCIENTE

Sobre os obstáculos de ser uma mulher que fez da cozinha um ofício há  26 anos, Mônica faz questão de relembrar a trajetória: “cozinheira mulher era a coisa mais feia do mundo, quando eu resolvi cozinhar foi uma coisa difícil, minha mãe chorou muito porque dizia que eu não tinha uma faculdade para me tornar cozinheira.”

Há 30 anos, em uma época ao qual as lutas por direito das mulheres de trabalharem fora e buscarem sua independência estavam sendo discutidas, Mônica nadou contra a maré resgatando e dando outro sentindo para o papel da mulher na cozinha. Era onde ela queria estar, e ainda nesse período teve dificuldades na área, que geralmente era composta por homens.

Enquanto mulher empreendedora, Mônica percebe as dificuldades que enfrenta, “é uma situação difícil ser empreendedora no Brasil” expõe a chef. Com 14 funcionários trabalhando há anos em seu restaurante Gosto com Gosto em Visconde de Mauá, ela se sente incumbida pelo bom andamento de tudo e é uma “responsabilidade o tempo inteiro”, enfatiza.

Mesmo receosa com a crise atual por conta da pandemia, a chef vê o lado bom que toda essa mudança pode gerar. Acredita que fará as pessoas valorizarem a natureza e espaços abertos, assim como é em Visconde de Mauá.

Sempre muito positiva, ainda ressalta que “os pequenos negócios movimentam até 70% da economia do Brasil” tornando sua responsabilidade ainda maior “somos responsáveis pelo crescimento” comenta.

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